Rosa
A
brisa vinha suavemente tocando minha pele enquanto eu observava aquela flor e não queria fazer mais nada, apenas
olhá-la e me sentia obrigado pelo coração a fazer isso, um simples ato de
observar aquela linda rosa. Talvez por
me sentir triste eu quis abri-la à força para mostrar mais sua beleza, mas
mesmo aquela rosa fechada me fazia sentir melhor.
Comecei a desabafar com ela mesmo fechada e
ela ouvia tudo o que eu dizia sem me questionar ou recusar, não dizia nada que
me fizesse mais triste. Como ela poderia me suportar? Mas que pergunta boba! Era só uma flor mesmo, tão pura, meiga e
ali parada no seu canto tão em paz que eu comecei a me sentir mal por atrapalhá-la
na sua rotina e já começava a ajeitar minhas coisas para deixá-la. Mas, quando
eu menos esperava, ela fez uma leve abertura, como se me convidasse a ficar
mais tempo ali, como se me respondesse depois de tanto eu falar e isso foi um
prêmio, uma razão para continuar ali com ela parado ouvindo-a também à espera
de vê-la desabrochar.
Se a sorte ainda existisse, eu talvez pudesse ter tal
privilégio um dia, mas eu sei que a sorte não existe e mesmo que eu tivesse
esperanças de ainda ver tal rosa aberta eu já não faria mais caso de tentar
desabrochá-la e a única coisa que meu coração quereria fazer era só ficar ali
ao lado da rosa, parado e pronto para qualquer coisa que ela talvez dissesse. Mas,
como você leitor já sabe, é só uma rosa e ela é feliz assim do jeito que eu a
encontrei e não precisa de mim para continuar assim, mas ela sabe que ficaria
mais feliz ao meu lado.